quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A Entrega



A Entrega

Certa vez, um dos maiores escritores do século XX, o filósofo e poeta austríaco Franz Kafka disse: “ Você não precisa sair de seu quarto. Fique sentado diante da mesa e ouça. Não precisa nem ouvir, simplesmente espere. Não precisa nem esperar. Aprenda apenas a ficar quieto, em silêncio. Sem ninguém por perto. O mundo se oferecerá espontaneamente a você para ser descoberto. Ele não tem outra escolha a não ser jogar-se em êxtase a seus pés”.


Precisamos aprender a nos entregar! A entrega confiante, totalmente confiante é a única forma de abreviarmos a distância que nos separa do Criador! Essa entrega predispõe ter certeza que Deus nos ama e deseja tanto nos ter em seus braços que, apesar de nossos equívocos, maus pensamentos e manias, ainda assim sempre desejará nosso bem e acreditará em nossa reabilitação. Ele deseja muito que o percebamos ao nosso redor, dentro de nós, enfim em nossa existência. Ao contrário do que muitos dizem quando nos sentimos sozinhos, não é porque Deus nos abandonou, mas porque nós abandonamos a Deus!
Um dos grandes objetivos do contato com o Sagrado é aprendermos a transcender nossas fragilidades humanas, indo além do que antes nossa mente chamava de limites! À medida que amadurecemos e entramos em contato com camadas mais profundas de nossa consciência, aproximando-nos de nossa essência crística, sentimo-nos mais fortes para enfrentar os desafios da vida, mais sensíveis para compreender a complexidade do mundo que nos serve de instrumento para a caminhada, e muito mais aptos a aperfeiçoar nossas percepções e habilidades físicas e extra físicas, potencializando, consequentemente, nosso poder de extrair o máximo que cada momento pode oferecer!
Dessa forma, reatar nosso contato com o Sagrado não é apenas lançar Mao de práticas religiosas ou de manuais de concentração, mas construir uma experiência com  Ele! É vivenciar momentos e grandes e profundos contatos com o Sagrado que está em nós e em tudo que existe!
Assim sendo, sem um real sentimento de entrega, sempre criaremos entraves para realizarmos a conexão com Deus e sua infinita e abundante forma de nos oferecer sua fonte de recursos!

Do livro: Lições da Vida para ser Feliz – Ricardo Melo
(Transcrição Resumida)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Liturgia do Silêncio



Liturgia do Silêncio

Muitos anos atrás, passei uma semana num mosteiro na Suiça, Grands Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos par, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio não total, mas de uma fala mínima. Só falar quando a fala fosse melhorar o silêncio. Isso m e deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa sem pé nem cabeça com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Fui então informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde.
Estremeci. Tenho horror a sermões. Mas me conformei.
O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos de madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminada por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em “U” definiam um espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio. Nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram.
Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providencias. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Ninguém que se levantasse para dizer: “meus irmãos, vamos cantar o hino”. Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também.

Silêncio tem gosto bom. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência e referiu a algum que se ouve nos interstícios da palavra, no lugar onde não há palavras.

A música acontece no silêncio. É preciso que todos os ruídos cessem. No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós – como no poema de Mallarmé: “A catedral submersa”, que Debussy musicou.
A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar, quem faz mergulho sabe, a boca fica fechada. Os poetas conhecem essa experiência. “Nosso olhar é  submarino”, escreveu T.S. Eliot. “Olhamos para cima e vemos a luz que se fratura através de águas inquietas...” Submarino também era o olhar de Cecília Meireles: “(...) e no fundo dessa fria luz marinha nadam meus olhos, dois braços peixes, à procura de mim mesma”. Para mim, Deus é a beleza que se ouve no silêncio.

TEXTO RETIRADO DO LIVRO: PENSAMENTOS QUE PENSO QUANDO NÃO ESTOU PENSANDO. RUBEM ALVES

sábado, 25 de fevereiro de 2012

A arte de engolir sapos




A arte de engolir sapos

O Adão, meu amigo, professor de biologia, já encantado, amava os sapos. Dedicou sua vida a estudá-los. Estudava e admirava. Era capaz de identifica-los não só por sua aparência física como também pelo seu canto. Acho que o Adão achava os sapos bonitos. E é certo que eles têm uma beleza que lhes é peculiar. O filósofo Ludwig Feuerbach diria que para os sapos não existe nada mais belo que o sapo e, se entre eles houvesse teólogos, haveriam de dizer que Deus é um sapo. Cada forma de vida é o Bem Supremo para si mesma.
Eu mesmo, sem ter a sensibilidade do Adão, escrevi um livro para crianças em que um dos heróis é o sapo Gregório. Mas desejo confessar que não acho os sapos bonitos. Bonita eu acho a sua cantoria durante a noite, a despeito da sua falta de imaginação e da sua monotonia.mas o que ela perde em riqueza estética é plenamente compensado pelo seu poder hipnótico, o que é bom para fazer dormir.
Mas o fato é que nós, humanos, não consideramos os sapos como animais com que gostaríamos de conviver. Ter um cãozinho, um gato ou um coelho como bichinho de estimação, tudo bem. Mas se o menino quisesse ter um sapo como bichinho de estimação, os pais tratariam de leva-lo logo a um psicólogo para saber o que havia de errado com ele. Sapo é bicho de pesadelo.
Quem sugere isso são as Escrituras Sagradas. Está relatado, no capitulo oitavo do livro de Exodo, que Deus, para dobrar a obstinação do faraó egípcio que não queria deixar que o povo de Israel se fosse, enviou-lhe uma série de pragas de horrores, uma delas sendo a dos sapos. Diz o texto que praga era de rãs, mas não faz muita diferença.

“Eis que castigarei com rãs todos os teus territórios, o rio produzirá rãs em abundancia, que subirão e entrarão em tua casa, no teu quarto de dormir, e sobre o teu leito, e nas casas dos teus oficiais, e sobre o teu povo, e nos teus fornos e nas tuas amassadeiras.”
Já imaginaram o horror? A gente entra debaixo das cobertas e sente  o frio das rãs que lá estão. Morde o pão e dentro dele está uma rã assada.
Nas estórias infantis é a mesma coisa. A bruxa poderia ter transformado o príncipe numa girafa, num tatu ou num gato. Escolheu transforma-lo no mais nojento, um sapo. E há aquela outra estória em que o sapo queria dormir na cama com a princesinha. Tão horrorizada ela ficou de ter de dormir com um sapo que, para evitar os beijos e seus desenvolvimentos inevitáveis, pegou-o pela perna e jogou-o contra a parede. Esse ato teve efeito mágico pois, ao cair no chão, o sapo transformou-se em príncipe. Já aconselhei pessoas a lançar contra a parede seus sapos e sapas conjugais, para ver se o contrafeitiço funciona também para humanos. Parece que não.
O horror do sapo aparece também numa sugestiva expressão popular: “ter de engolir sapo”. Porque não “ter de engolir gato”, “ter de engolir borboleta”, “ter de engolir tico-tico”? Porque mais nojento que o sapo não existe.
Essa expressão traz o sapo para o campo das atividades alimentares. Engolir é comer. O ato de comer é presidido pelo paladar. O paladar é uma função discriminatória. Ele separa o saboroso do não-saboroso. O saboroso é para ser engolido com prazer. O não-saboroso, o corpo se recusa a comer. Cospe. “Ter de engolir sapo”: ser forçado a colocar dentro do corpo aquilo que é nojento, repulsivo, viscoso, frio, mole.
Não há forma de engolir sapo com prazer. Engolir sapo é ser estuprado pela boca. Há um ditado inglês que diz: “If you are going to be raped, and there is nothing you ucan do about it, relax and enjoy it”: se você vai ser estuprado e você não pode fazer nada para impedi-lo, relaxe e trate de gozar o mais que puder. Esse ditado sugere a possibilidade de se sentir prazer em ser estuprado. Pode ate ser. A psicanálise me ensinou a aceitar a possibilidade dos mais estranhos prazeres perversos. Mas não há relaxamento que faça o ato de engolir um sapo  uma experiência prazerosa.
Por que engolir um sapo?
Há pessoas que engolem sapos por medo. Bem que seria possível evitar a repulsiva refeição: o sapo é um sapinho. Mas elas preferem engolir o sapo a enfrenta-lo. Não têm coragem de pega-lo e joga-lo contra a parede. Pessoas que fizeram do ato de engolir sapos um habito acabam por ficar parecidas com eles: andam aos pulos, sempre rente ao chão e coaxam monotonamente.
Mas há situações em que é inevitável engolir sapo. Eu mesmo já engoli muitos sapos e disto não me envergonho. O meu desejo, com esta crônica, é dar uma contribuição ao saber psicanalítico que até agora fez silêncio sobre o assunto. Muitos  dos sintomas neuróticos que afligem as pessoas resultam de sapos engolidos e não ingeridos.
Tudo começa com um encontro: à minha frente um sapo enorme, ameaçador, com boca grande. A prudência  me diz que é melhor engolir o sapo a ser engolido por ele. É melhor ter um sapo dentro do estomago (sapos engolidos nunca vão além do estomago) do que estar no estomago do sapo.
Aí, impotente e sem opções, deixo que ele entre na minha boca, aquela massa mole e nojenta. É muito ruim. O estomago protesta, ameaça vomitar. Explico-lhe as razoes. Ele cessa os seus protestos, resignado ao inevitável. Não consigo mastigar o sapo. Seria muito pior. Engulo. Ele escorrega e cai no estômago.
Alimentos não digeríveis são eliminados pelo aparelho digestivo de duas formas: ou são expelidos pelo vômito ou são expelidos pela diarreia. Os sapos são uma exceção. Não são digeridos mas não são expelidos nem pelas vias superiores nem pelas vias inferiores. Os sapos se alojam no estômago. Transformam-no em morada. Ficam lá dentro. Por vezes hibernam. Mas logo acordam e começam a mexer.
Ninguém engole sapo de livre vontade. Engole porque não tem outro jeito. Tem sempre alguém que nos obriga a engolir o sapo, à força. A pessoa que nos obriga a engolir o sapo, a gente nunca mais esquece. Diz a Adélia que “aquilo que a memória amou fica eterno”. Aí eu acrescento algo que aprendi no Grande Sertão Veredas. Conversa de jagunços matadores. Diz um: “Mato mas nunca fico com raiva”. Retruca o outro, espantado:”Mas como?” Explica o primeiro: “Quem fica com raiva leva o outro para cama”. É isso. A gente leva para a cama a pessoa que nos obrigou a engolir o sapo. A raiva também eterniza as pessoas. Não adianta falar em perdão. A gente fica esperando o dia em que ela também terá de engolir um sapo. Ou, como dizia uma propaganda antiga da loteria, a gente reza: “O seu dia chegará...”

TEXTO RETIRADO DO LIVRO: O AMOR QUE ACENDE A LUA . RUBEM ALVES

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

SEM DÉBITOS E SEM CRÉDITOS....



SEM DÉBITOS E SEM CRÉDITOS...


“Deus nunca foi visto por ninguém. Por acaso a gente vê os próprios olhos? Quem vê os próprios olhos é cego. Para ver com os olhos é preciso não ver os olhos... Deus é como os olhos. Não podemos vê-lo para ver através dele. Deus é um jeito de ver.
“Mas uns homens tolos, querendo ver Deus, fizeram um deus com pedaços deles mesmos. E assim inventaram um deus à sua imagem e semelhança. E, como muitos homens têm corações maus, eles inventaram um deus parecido com eles mesmos, um deus mau que provoca medo. Disseram até que esse Deus tem uma câmara de torturas chamada inferno, onde tranca seus desafetos por toda eternidade...
“Há pessoas que pensam que Deus se parece com um banqueiro que tem um livro de contabilidade onde registra os débitos e os créditos dos homens para acertos futuros. Os débitos, chamados pecados, serão punidos. E os créditos, chamados virtudes, serão recompensados. Mas Deus não se parece com os banqueiros. Ele não tem um livro de contabilidade. Deus não tem memória: nem pune pecados nem recompensa virtudes. É como um regato de águas cristalinas. Não importa que joguemos nele os nossos detritos. Ele continua a jorrar águas cristalinas... (Paráfrase: Lucas 15,11)”

TEXTO RETIRADO DO LIVRO: PERGUNTARAM-ME SE ACREDITO EM DEUS. RUBEM ALVES

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

QUEM É DEUS? VOCÊ SABE DIZER?

PARA UMA AMIGA MÃE IRMÃ, QUE ESTÁ NO MEU CORAÇÃO. UMA PALAVRA DE CONFORTO AOS ENORMES AFASERES E DIFICULDADES QUE A CERCAM EM PLENA FÉRIAS.
HOJE, TE CONHECENDO BEM PATRICIA FERNANDES, SEI QUE SUAS FÉRIAS SERÃO AS MELHORES POSSIVEIS, PORQUE O SEU CORAÇÃO É MAIOR DO QUE O CÉU E SEI QUE, MESMO QUANDO ESTIVER CANSADA E DEITAR NO SEU TRAVESSEIRO, O TRABALHO REALIZADO VALERÁ A PENA. SEM ARREPENDIMENTOS. APENAS A GRAÇA E A FORÇA DADA POR UM DEUS QUE ACREDITO SER O SEU GUIA, COMO SEGUE O TEXTO ABAIXO.
AMO VOCÊS, PATRICINHA, PATRICIA, E MINI.




Uma velhinha de voz trêmula e pele cheia de rugas pediu: “Mestre, fale-nos sobre Deus...”
Mestre Benjamin fez silêncio. Olhou para o vazio. Vagarosamente, um sorriso foi-se abrindo.
“Quantas pessoas aqui na minha tenda estão pensando em ar?”, ele perguntou. “Por favor, levantem uma mão...”
Ninguém levantou a mão.
“Ninguém levantou a mão... ninguém está pensando no ar. Ninguém nem sabe direito o que é o ar. E, no entanto, todos nós estamos respirando. O ar é a nossa vida e não precisamos pensar nele e nem dizer o seu nome para que ele nos dê vida. Mas o homem que se afoga do fundo das águas só pensa no ar. Deus é assim. Não é preciso pensar nEle e pronunciar o seu nome. Ao contrário, quando se pensa nele o tempo todo é porque está se afogando...
“Que desejamos para os nossos filhos? Que eles sejam felizes. Sorrimos ao vê-los por aí a correr, a pular, a cantar, a brincar, pensando nas coisas de criança. Mas enquanto brincam  e riem ele não pensam em nós. Se um filho, ao se levantar, viesse até você e o elogiasse, e agradecesse porque você lhe deu a vida e jurasse amor para sempre, e fizesse a mesma coisa na hora do almoço, e repetisse os mesmos gestos e palavras ao meio da tarde, e de noite fizesse tudo de novo, suspeitaríamos de que alguma coisa não está bem. O que desejamos é que eles gozem a vida sem pensar em nós. Quem pensa demais e fala demais sobre Deus é porque não o está respirando. A fala indica uma ausência. ‘Pensar em Deus é desobedecer a Deus. Porque Deus não quis que o conhecêssemos, por isso se não nos mostrou’ (Alberto Caeiro)”
Fez-se silencio. Foi quando uma lufada de vento entrou pela tenda fazendo balançar a lâmpada de óleo que pendia do teto.
“Deus é como o vento. Sentimos na pele quando Ele passa, ouvimos a sua música nas folhas das arvores e o seu assobio nas gretas das portas. Mas não sabemos de onde vem nem para onde vai. Na flauta, o vento se transforma em melodia. Mas não é possível engarrafa-lo. No entanto, as religiões tentam engarrafa-lo em lugares fechados a que elas dão o nome de ‘Casa de Deus’. Mas, se Deus mora numa casa, estará Ele ausente do resto do mundo? Vento engarrafado não sopra...”
Ouviu-se então o pio distante de uma coruja.
“Deus é como um pássaro encantado que nunca se vê. Só se ouve o seu canto...
“Deus é uma suspeita do nosso coração de que o universo tem um coração que pulsa como o nosso. Suspeita.. Nenhuma certeza. Fujam dos que têm certezas. Olhem bem: eles trazem gaiolas nas suas mãos. Os pássaros que têm presos nas suas gaiolas são pássaros empalhados. Ídolos.
“Deus nos deu asas, mas as religiões inventaram gaiolas.
“Tudo o que vive é pulsação do sagrado. As aves do céus, os lírios dos campos.. Até o mais insignificante grilo, no seu cricri rítmico, é uma música do Grande Mistério.
“É preciso esquecer os nomes de Deus que as religiões inventaram para encontra-lo sem nome no assombro da vida.
“Reverência pela vida: é a forma mais alta de oração. Sem nome.. O nome de Deus não pode ser pronunciado...
“Não precisamos dizer o nome ‘rosa’ para sentir o seu perfume.
“Não precisamos dizer o nome ‘mel’ para sentir sua doçura.
“Muitas pessoas que jamais pronunciam o nome de Deus o conhecem como reverência pela vida.
“Há pessoas que se sentem religiosas por acreditar em Deus. De que vale isso? Os demônios também acreditam e estremecem  ao ouvir o nome (Tiago 2:19). A pergunta não deveria ser ‘Você acredita em Deus?’, mas ‘Você se comove com a beleza?’ Deus nunca foi visto por ninguém ele se mostra na experiência da beleza.
“Os homens religiosos procuram Deus no invisível e no mundo após a morte. Quando alguém morre, eles repetem como consolo: ‘Deus o levou para si’. Então, enquanto vivo, ele estava distante de Deus? Deus é Deus dos mortos ou Deus dos vivos? Deus não mora no mundo dos mortos. Ele mora no nosso mundo, passeia pelo jardim. Deus é beleza. E se Ele ama o que é feio é só para torná-lo belo... Por isso ele ama os desertos: porque neles se escondem fontes..
“Quer ver Deus? Veja a beleza do sol que se põe, sem pensar em Deus.
“Quer ouvir Deus? Entregue-se à beleza da música, sem pensar em Deus.
“Quer sentir o cheiro de Deus? Respire fundo o cheiro do jasmim, sem pensar em Deus.
“Quer saber como é o coração de Deus/ Empurre uma criança num balanço, porque Deus tem um coração de criança, sem pensar em Deus.
“Há beleza demais no universo. Mas o tempo vai-nos roubando as coisas que amamos. Vai-se o arbusto, vai-se a montanha, vão-se os riachos cristalinos, vão-se as pessoas amadas, vamos nós...
O tempo é um monstro que devora os seus filhos. Fica a saudade. Saudade é a presença da ausência das coisas que amamos e nos foram roubadas pelo tempo. Quando se pronuncia o nome sagrado está-se afirmando que a beleza amada não está perdida no passado. Está escrito num poema sagrado: ‘Lança o teu pão sobre as águas porque depois de muitos dias o encontrarás...’ (Eclesiastes 11:1). As águas dos rios são circulares, o tempo é circular, o que foi perdido volta, um eterno retorno... Deus existe para nos curar da saudade...
“Eu gostaria de dar um conselho: ‘Não sejam curiosos a respeito de Deus, pois eu sou curioso sobre todas as coisas e não sou curioso a respeito de Deus. Não há palavra capaz de dizer quando eu me sinto em paz perante Deus e a morte. Escuto e vejo Deus em todos os objetos, embora de Deus eu não entenda nem um pouquinho... eu vejo Deus em cada uma das 24 horas e em cada instante de cada uma delas, nos rostos dos homens e das mulheres eu vejo Deus...’ (Walt Whitman)
‘Sejamos simples e calmos como os regatos e as árvores, e Deus amar-nos-á verdor na sua primavera e um rio aonde ir ter quando acabemos’ (Alberto Caeiro)”
Ouvidas essas palavras, a velhinha sorriu para o Mestre Benjamin e fez um gesto com sua Mao, abençoando-o

TEXTO RETIRADO DO LIVRO: PERGUNTARAM-ME SE ACREDITO EM DEUS, DE RUBEM ALVES

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

OS MOSAICOS DAS RELIGIÕES .. E NÓS MESMOS




Mosaicos são obras de arte. São feitos com cacos. Os cacos, em si, não têm beleza alguma. Mas se um artista os ajuntar segundo uma visão de beleza eles se transformam uma obra de arte.
Músicas são mosaicos de sons. Notas são os cacos. Não são nem bonitas nem feias. Mas se um compositor as organizar numa “frase” elas passam a dizer algo. Transformam-se em temas. Sonatas e sinfonias são feitas com temas entrelaçados.
Também nós somos feitos de cacos. Milan Kundera comparou a vida a uma partitura musical. “O ser humano, guiado pelo sentido da beleza, transpõe o acontecimento fortuito [o caco] para fazer dele um tema que, em seguida, fará parte da partitura da sua vida. Voltará ao tema repetindo-o, como faz um compositor com os temas da sua sonata”. (A insustentável  leveza do ser, p. 58). Somos um mosaico espiral, à semelhança do Bolero de Ravel.
As Escrituras Sagradas são um livro cheio de cacos. Nelas se encontram poemas, estórias, mitos, pitadas de sabedoria, relatos de acontecimentos, poemas eróticos, eventos sangrentos. Ao ler as Escrituras comportamo-nos como um artista que seleciona cacos para construir um mosaico ou como um compositor a compor sua sonata.
Os cacos das Escrituras Sagradas existiram por muito tempo como estórias que eram contadas oralmente, antes de serem transformados em textos para serem lidos. O registro escrito dessa tradição oral trouxe uma vantagem: as estórias continuaram a existir mesmo depois da morte do contador de estórias. E trouxe uma desvantagem: transformados em textos escritos perdeu-se a figura do contador de estórias. Com isso, os leitores começaram a ler as “estórias” como se fossem “história”.
“História” refere-se a coisas que aconteceram realmente no passado e nunca mais acontecerão, como o naufrágio do Titanic, que pertence à “história” e nunca mais acontecerá. Mas a parábola do Bom Samaritano nunca aconteceu. Foi uma “estória” contada por um mestre contador de estórias chamado Jesus.
As estórias são contadas no passado, mas elas não têm passado. Só têm presente. Estão sempre vivas. Quando as ouvimos ficamos “possuídos”, rimos, choramos, odiamos – embora elas nunca tenham acontecido.
A “história” é criatura do tempo. As “estórias”’ são emissárias da eternidade.
Muitos são os mosaicos que podem ser feitos com um monte de cacos. Muitas são as músicas que podem ser feitas com as doze notas da escala cromática. Horror, humor, amor, vida, morte, vingança... Tudo depende do coração do artista. Como disse Jesus, o homem bom tira coisas boas do seu bom tesouro; o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro. Coração feio faz coisas mosaicos e músicas feias. Coração bonito faz mosaicos e músicas bonitas. Os mosaicos e as sonatas são o retrato de quem o fez.
Cada religião é um mosaico, um jeito de ajuntar os cacos. Cada religião é uma sonata uma rede de temas.

“No Princípio, antes que qualquer coisa existisse,
Antes que houvesse o Universo,
O que havia era a Poesia.
Deus era Poesia.
A Poesia era Deus.
Deus e a Poesia eram a mesma coisa.
E Deus Criou as estrelas para, com elas,
Escrever seus poemas nos Céus...”
(Prólogo do Evangelho de João, Paráfrase)

TEXTO RETIRADO DO LIVRO: PERGUNTARAM-ME SE ACREDITO EM DEUS. RUBEM ALVES

POESIA DA NOITE...


“Alguns guardam o Domingo indo à Igreja –
Eu o guardo ficando em casa –
Tendo um sabiá como cantor –
E um Pomar por Santuário. –
Alguns guardam o Domingo em vestes brancas –
Mas eu só uso minhas Asas –
E ao invés do repicar dos sinos na Igreja –
Nosso pássaro canta na palmeira –
É Deus que está pregando, pregador admirável –
E o seu sermão é sempre curto.
Assim, ao invés de chegar ao Céu, só no final –
Eu o encontro o tempo todo no quintal”

TEXTO RETIRADO DO LIVRO: PERGUNTARAM-ME SE ACREDITO EM DEUS. RUBEM ALVES. PAG 27.

Boa Noite a Todos. E, ao invés de ir a Igreja encontrar Jesus apenas aos domingos, encontrem todos os dias com Ele.. o Céu está em você!

Boa Noite

RELACIONAMENTO, NOSSO MAIOR INVESTIMENTO!




RELACIONAMENTO, NOSSO MAIOR INVESTIMENTO!

“A mais bela linguagem do homem é a linguagem da amizade, que não é feita de palavras, mas de puro significado” Henry Thoreau

Queremos ser felizes e estamos em busca de identificar caminhos que nos conduzam a esse nobre objetivo! Mas o que seria da felicidade sem as pessoas, ou melhor, é possível ser feliz sem as pessoas?
Digam o que quiserem, mas nada é mais importante na vida que viver. E viver é relacionar-se consigo e com as pessoas que, alem da companhia também nos servem de escola.
A cada dia somos brindados pela vida com uma renovada oportunidade de exercitar o amor em sua essência, utilizando simpatia, compreensão e compaixão. Estamos rodeados de pessoas por toda a parte.
Entretanto, apesar dessa realidade, muitas vezes sentimo-nos sozinhos. Dizemos que somos vitimas da solidão, que poucos nos entendem e prestam realmente atenção em nós.
O fato é que ninguém consegue viver totalmente isolado. Se buscarmos um pouco de bom senso, verificaremos que o que chamamos de solidão, na maior parte das vezes, é a maneira como escolhemos interagir com o que nos rodeia.
Podemos estar sem ninguém ao nosso redor e estarmos em paz. Ao passo que é comum estarmos rodeados por muitas pessoas e, ainda assim, sentimo-nos sozinhos. Isso ocorre, observe, normalmente quando estamos mal conosco. Quando o desanimo nos acorrenta às suas amarras, temos a tendência a achar que nunca o que o outro faz é suficiente.
Na verdade, o problema não é de relacionamento com quem  nos cerca, mas conosco mesmo.
Sentimentos são escolhas. Ninguém, ao contrário do que se acredita, tem o poder de determinar o que vamos sentir. Essa escolha é nossa.
A auto-aceitação, que não significa conivência com os próprios erros, nada mais é do que a plena compreensão de nós mesmos. É o pleno entendimento de nosso valores, virtudes, vicissitudes. É mensurar nossa dimensão espiritual em detrimento da material.
Sei que não é simples mudar. Mas é necessário repetir que as dificuldades são pedras que têm de nos impulsionar e não desculpas para justificar nossa inércia. A vida é sábia. A natureza não dá saltos.

Do livro: Lições da Vida para ser feliz – Ricardo Melo

domingo, 19 de fevereiro de 2012

PERFEIÇÃO VERSUS PERFECCIONISMO


PERFEIÇÃO VERSUS PERFECCIONISMO

“E se vós não saudardes senão vossos irmãos, que fazeis nisso mais que os outros? Os pagãos não fazem também? Sede pois, vós outros, perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito” – (Cap XVII, item 1)

As tendências ao perfeccionismo têm raízes profundas e escondidas revelando, às vezes um grande medo indefinido e oculto. A diferença principal entre um individuo saudável e o perfeccionista é que o primeiro controla sua própria vida, enquanto o segundo é controlado sistematicamente por sua compulsão pertinaz.
                Trazemos como somatório de múltiplas existências crenças negativas de que nosso valor é medido por nossos desempenhos bem-sucedidos e que os erros nos rebaixariam ao merecimento como pessoa. Daí as emoções desconexas de medo, de desagrado e de punição. Como exemplo, pensamos inconscientemente que, se formos imperfeitos e falhos, as pessoas não vão mais confiar em nós, ou jamais teremos sucesso na vida. O transtorno dos perfeccionistas é não se aceitarem como espíritos falíveis, não aceitando também os outros nessa mesma condição, tentado assim agradar e corresponder às expectativas de todos.
                Às vezes os perfeccionistas podem até pensar, mas não admitem – “se eu fracassar, vão me criticar”; em outras ocasiões, insistem em dizer que “não o são” demonstrando, porem, o contrário, pois ficam profundamente descontrolados quando cometem algum erro.
                Certas fixações pelo desempenho perfeito são necessidades de aprovação e carinho que nasceram durante a infância. “ se você não fizer tudo certinho, a mamãe e o papai não vão gostar mais de você”: são vozes do passado que ecoam até hoje nas mentes perfeccionistas.
                Esses distúrbios de comportamento levam, às vezes, os indivíduos a uma lentidão superlativa para fazerem as coisas, e, por quererem fazer tudo com tantos detalhes e precisão, acabam sempre fazendo nada. Outros são conhecidos pelo nome de proteladores, ou seja, adiam sistematicamente a ação, por temerem um desempenho imperfeito. Por exemplo, se começam a apontar um lápis, levam o objeto a destruição em alguns minutos, pela busca milimétrica da perfeição. Outros sintomas ou sinais mais comuns são aqueles que levam certas pessoas a colocarem as coisas simetricamente, não podendo ficar um centímetro fora do lugar, e quanto mais verificam, mais querem chegar e mais têm dúvidas.
                Os perfeccionistas necessitam ser impecáveis, respondem a todas as perguntas, mesmo aquelas que não sabem corretamente. Por possuírem desordens psíquicas, buscam incessantemente controlar a ordem exterior, vigiando os comportamentos alheios como verdadeiros juízes da moral e dos costumes.
                Por não admitirmos o erro e não percebermos que o único fracasso legítimo é aquele com o qual nada aprendemos, e que os conceitos da perfeição doentia perturbam constantemente nossa zona mental. Portanto, o erro não deve ser considerado como perda definitiva, mas apenas uma experiência de aprendizagem.
                “Sede pois, vos outros perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito” – disse-nos Jesus Cristo. Entretanto, não nos conclama com essa assertiva a que tomemos “ares” de perfeição presunçosa, mas que nos esforcemos para um crescimento gradual, com o qual o processo da vida vai nos dando habilidades cada vez maiores e melhores.
                Somos todos convocados pelo Mestre ao exercício do aperfeiçoamento, mas contemos com o tempo e a prática como fatores essenciais, e nunca com a perfeição como sendo uma “determinação martirizante e desgastante”, que faz a criatura despender uma enorme carga energética para manter uma aparência irrepreensível.
                Repensemos o texto cristão, refletindo se estamos buscando o crescimento rumo a perfeição, ou se representamos possuir uma santidade oca, que não suporta sequer o toque da menor contrariedade.
(Francisco do Espírito Santo Neto – Renovando Atitudes, espírito Hammed)


FRASE DA NOITE...

"Orações e poemas são a mesma coisa: palavras que pronunciamos a partir do silêncio, pedindo que o silêncio nos fale".
Rubem Alves   


DESEJO UMA BOA NOITE A TODOS COM UMA POESIA QUE ESCREVI....

Morta, rasgada, sedada,
Aprisionada no frio
No silencio do alento da noite ensolarada.

Num quarto uma casa
Que não teria, não veria, não viveria jamais.
Que fica na vontade,
Na saudade
Na esperança de viver ou talvez como a fênix renascer....

Mas no escuro ainda sou luz
Luz de alma, de poesia, de milagres
De vida, de sonhos, desejos, anseios
Delírios selados com convicção pura e espiritual

Lagrimas de desespero talvez
Sentimento de impotência
Imprudência pela dor do cansaço
Que instigue a desistência.

Mas se desistir. ...
Desistirei da vida
Da rotina
Dos gestos
Do trabalho
Da arte da música
Desistirei de mim
Posso apenas ser a mim.
Não posso ser nada além disso
E tudo isso eu sou
Porque o pouco que muito vivo
Me torna ágil para abrir a janela do quarto –prisao
Alimentar o eterno condenado: meu coração
Com o vento que os espíritos sopram
Bem baixinho ao meu ouvido:
Viver ainda é importante
E amar a cada instante
Faz de ti, Isabella, a canção mais dolorosa que existe
A dor mais prazerosa que finda
No aconchego do travesseiro.
No desejo de prosseguir
Chorar são apenas migalhas que oferecemos
Para que desenhe a giz seus mais profundos segredos.
E tente, firme, continuar respirando
Na leveza de pintar o destino à aquarela
Tornando-se a cada dia uma nova Isabella

Fim de noite com salmos 37 no meu coração
Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele o fará.
E ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu juízo como o meio-dia. 
Salmos 37:5-6”




quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

JESUS VIA AS PESSOAS COMO ESSENCIALMENTE BOAS?




JESUS VIA AS PESSOAS COMO ESSENCIALMENTE BOAS?

“Amai os vossos inimigos”.
Lucas 6:27

A filosofia que afirma que as pessoas são essencialmente boas é chamada de humanismo. Devido ao amor de Jesus pelos outros e a sua preocupação com o bem-estar de todos, ele é freqüentemente apresentado como um dos grandes exemplos do humanista ideal. Jesus ensinava que devemos amar a todos, até mesmo nossos inimigos. É fácil perceber que Jesus poderia ser usado como um exemplo de alguém que acreditava na bondade essencial das pessoas.
Carl Rogers é um famoso psicólogo conhecido por desenvolver uma teoria baseada na crença na bondade essencial da humanidade. Ele acreditava que todas as pessoas possuem dentro de si um “processo de auto-realização” que as fará saudáveis na presença das condições corretas. Quase todos os terapeutas conhecem a terapia rogeriana como um dos principais exemplos da psicologia humanista.
Certo dia, enquanto o  Dr Rogers conversava com a mãe de uma criança problemática que ele estava tentando tratar, ele descobriu uma coisa muito importante. Depois de terminar a discussão sobre os problemas da criança, a mãe se levantou e foi em direção à porta. Lá chegando, hesitou, voltou-se para o Dr. Rogers e perguntou: “Ainda temos alguns minutos. O senhor se importa se eu disser algumas coisas a meu respeito?”. Rogers convidou-a para sentar e escutou atentamente o que a mulher tinha a dizer. Nas próprias palavras dele, “Naquele momento,a verdadeira terapia começou”. Posteriormente ele descobriu que existe dentro de cada pessoa o que acreditou ser um impulso inato em direção à totalidade, e este impulso é ativado quando a pessoa se sente acolhida e aceita incondicionalmente. Não sei se o Dr. Rogers em algum momento pensou nisso, mas existem algumas surpreendentes semelhanças entre o seu pensamento e o amor incondicional que Jesus ensinou séculos atrás.
Jesus falava do amor divino, que era incondicional. Rogers dizia que a consideração positiva incondicional era essencial para o processo de cura. Jesus descreveu a humanidade como sendo a imagem de auto-realização inerente em todas as pessoas e afirmou que a autenticidade só acontece quando somos coerentes com nós mesmos.
Jesus disse muitas coisas que apóiam a crença humanista na bondade inerente das pessoas, mas não podemos parar aqui. Jesus também reconheceu os problemas associados a essa crença e, para saber quais são temos que prosseguir na leitura.

PRINCÍPIO ESPIRITUAL: OS BONS OUVINTES FAZEM AS PESSOAS SEREM MELHORES

TEXTO RETIRADO DO LIVRO: JESUS O MAIOR PSICOLOGO QUE JÁ EXISTIU.

NÃO PERCAM A PROXIMA PARTE GALERA...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O PROBLEMA DE VER AS PESSOAS COMO MÁS



O PROBLEMA DE VER AS PESSOAS COMO MÁS

“Por fora, pareceis justos aos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e perversidade”
Mateus 23:8

Joshua procurou a terapia porque seu casamento estava desmoronando. Joshua era um religiosos devoto que desejava agir o mais corretamente possível. Se fazer terapia individual pudesse ajudar o seu casamento, ele certamente estaria disposto a tentar.
O problema que Joshua e eu enfrentamos logo no início da terapia foi o fato de que ele acreditava que sua mulher era a causadora de todas as suas dificuldades. Joshua insistia em acusar a mulher, contando como ela o havia desapontado com seu egocentrismo, como ela deixara de se comportar à altura do que prometera nos votos matrimoniais e estava destruindo o casamento. Joshua se negava a admitir sua parcela de responsabilidade na crise conjugal e sempre encerrava sua auto-avaliação com declarações como “ Mas eu me sinto bem. Se não fosse por causa dela, nem mesmo estaria aqui”.
Joshua se via como uma pessoa espiritualizada que havia dedicado anos aos estudos teológicos, a cultivar a sua fé e a ceder parte do seu tempo para auxiliar o desenvolvimento espiritual dos outros. Ele estava firmemente  convencido de que se as pessoas praticassem as disciplinas espirituais não teriam problemas emocionais. Estava certo de que os problemas da esposa provinham do fato de ela não ter fé.
0joshua não conseguia entender os problemas psicológicos da mulher e nem de que forma ele contribuía para as dificuldades do casal. Ele acreditava que ceder a emoções humanas significava submeter-se aos desejos “da carne”, que ele considerava fundamentalmente maus. Joshua queria ser uma pessoa espiritualizada capaz de superar as fraquezas humanas. Criticava muito a mulher por ela ser incapaz de fazer o mesmo.
Tentei lhe mostrar que expressar as emoções não era sinal de fraqueza e sim uma demonstração de força. Mas esbarrava na suas certezas. “Minha fé se baseia em fatos, não em sentimentos”, ele me informava. “Colocar fatos e sentimentos no mesmo nível é uma violação da minha fé”. Como resultado, ele continuou a encarar os sentimentos da mulher como uma manifestação doentia.
Infelizmente, minha terapia com Joshua foi breve e malsucedida. É sempre difícil ajudar as pessoas que buscam a terapia afirmando que são os outros que precisam de ajuda. No entanto, uma das grandes barreiras para o sucesso da terapia de Joshua era a sua convicção de que a natureza humana é essencialmente má e que as pessoas espiritualizadas deveriam separar-se dela havia uma discordâncias básica entre nós. Eu estava tentando fazer com que ele entrasse em contato com a sua condição humana, e ele se empenhava em se afastar dela o Maximo possível.
O problema de acreditar que as pessoas são fundamentalmente más é que essa crença faz com que tenhamos vergonha de ser humanos. Criamos então um ser idealizado para fingir que somos diferentes. Quem considera a natureza humana desprezível e má precisa descobrir uma maneira de se livrar da parte nociva e tornar-se um ser puramente espiritual que vive acima de tudo isso. O problema dos fariseus era acreditar que eles não eram como as outras pessoas. Eles se achavam mais espirituais do que humanos.
Em outras palavras, acreditar que a humanidade é fundamentalmente má  faz você querer se afastar dela o Maximo possível e só se associar àqueles que defendem idênticas convicções religiosas. Pessoas assim desprezam, mesmo que de forma inconsciente, aqueles que deixam de alcançar o seu nível de espiritualidade. Na terminologia psicológica, essa persona que eles criam é chamada de falso eu. O termos religioso é fariseu.
Na época em que Jesus contou a parábola do bom samaritano havia um forte preconceito racial entre judeus e samaritanos naquele tempo, os samaritanos eram considerados pessoas mas, e os fariseus, os sacerdotes e os religiosos judeus eram tidos como bons. O fato de o próprio Jesus ser judeu dava ainda mais força à mensagem da parábola. Hoje, os temos foram invertidos. “Bom” e “samaritano” referem-se a qualidades positivas, e ser chamado de “fariseu” tem uma conotação certamente negativa.
Com sua parábola, Jesus nos mostrou que as pessoas são boas ou mas devido ao s relacionamentos que estabelecem e não a algo que lhes é inerente desde que nasceram. A religião não nos tira da nossa condição humana, pelo contrário – a religião nos faz viver plenamente a condição humana.

PRINCÍPIO ESPIRITUAL: NÃO PODEMOS ESCAPAR DO NOSSO EU, MAS PODEMOS ENCONTRÁ-LO.

TEXTO RETIRADO DO LIVRO: JESUS, O  MAIOR PSICÓLOGO DO MUNDO

PENSAMENTOS DA NOITE

“Por vezes suspeito que as coincidências sejam apenas manifestações da trama invisível de sentido que liga todas as coisas do universo. Parecem coincidência porque não vemos o avesso da tapeçaria”
Rubem Alves

“O poder mágico da palavra está em que ela pode trazer à vida aquilo que estava sepultado no corpo. ‘Creio na ressurreição dos mortos...’”
Rubem Alves

domingo, 12 de fevereiro de 2012

JESUS CONSIDERAVA AS PESSOAS ESSENCIALMENTE MÁS?



JESUS CONSIDERAVA AS PESSOAS ESSENCIALMENTE MÁS?

“Descia um homem de Jerusalém a Jericó. Pelo caminho caiu em poder de ladrões”.
Lucas 10:30

Jesus estava familiarizado com as escrituras judaicas que falavam da profunda decepção de Deus com a raça humana e de como ele destruiu o planeta com um grande dilúvio. Se Jesus concluiu, a partir dessa história, que somos fundamentalmente maus, então nossa natureza é ser como os ladrões da parábola do bom samaritano. Nós nos apossaríamos do que pertence aos outros e não os respeitaríamos, porque o importante neste mundo seria a sobrevivência do mais forte e faria parte da nossa natureza cuidar primeiro de nós mesmos, ainda que em prejuízo dos outros. A partir dessa perspectiva, sem alguma forma de religião ou de freio, todos nos mostraríamos nocivos e destrutivos.
Martin veio fazer terapia porque sua mulher disse que pediria o divorcio se ele não procurasse ajuda profissional. Ela havia descoberto não apenas que ele estava tendo um caso com outra mulher como também que o problema dele com as drogas era muito mais grave do que ele deixara transparecer. Martin era freqüentemente desonesto com a mulher, e ela estava chegando à conclusão de que nem mesmo conhecia o homem com quem tinha se casado. Ele estava envolvido em uma série de atividades ilegais que escondera da esposa e não queria que um divorcio complicado o deixasse exposto. Martin às vezes ficava ansioso, com medo de ser apanhado por causa das suas más ações, mas nunca se sentia culpado por praticá-las. Até onde eu conseguia perceber, Martin parecia ser uma pessoa genuinamente má, mesmo que ele não pensasse dessa maneira.
Martin é o ladrão da parábola do bom samaritano. Ele rouba dos outros e depois dissipa o produto do seu roubo, o que o leva a roubar de novo. Existem pessoas más na vida que violam os outros e os deixam debilitados e destruídos. A tragédia é que cada vez que Martin comete um abuso contra alguém, ele fere a si mesmo, o que faz com que ele queira aproveitar-se novamente de alguém. Sua falta de compaixão pelos outros criou um muro ao redor do seu coração que o afasta da sua condição humana. Martin está preso em um ciclo vicioso de abuso contra as outras pessoas. É justamente por não se dar conta da própria maldade que ele continua a agir maldosamente.
Jesus sabia que de nada adianta colocar os ladrões diante da própria imoralidade. Eles geralmente nos dizem o que queremos ouvir. Algumas pessoas como Martin são capazes de  mudar, mas só em circunstâncias extremas. Não sei o que teria acontecido se Martin tivesse permanecido na terapia e eu tivesse sido capaz de desenvolver com ele um relacionamento significativo o bastante para que ele fizesse um exame honesto de si mesmo. Naquelas circunstancias, ele continuou a ter um mau comportamento porque não considerava ninguém suficientemente importante para fazê-lo agir de outra maneira. A mulher de Martin de fato pediu o divórcio e não sei onde ele está hoje, mas não deve ser em um lugar muito bom.
Na parábola do bom samaritano, o ladrão era definitivamente uma pessoa má, mas Jesus não se concentrou nele. Ele não estava interessado em definir a natureza humana como má, mas em nos oferecer um modelo de como sermos bons. Jesus ligava-se constantemente a pessoas que podiam ser consideradas “más” pelos outros, como a mulher adúltera, mas ele não os encarava dessa maneira. Ele via todas as pessoas como capazes de ser boas e nunca as discriminava. Jesus procurava sempre atrair as pessoas para um relacionamento com ele porque era isso o que as ajudava a se tornar melhores.

PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Roubar os outros furta a alma do ladrão.

TEXTO RETIRADO DO LIVRO: “JESUS, O MAIOR PSICÓLOGO QUE JÁ EXISTIU”


Deixo alguns pensamentos da noite....

“Eu amaria e respeitaria um Deus que desafiasse os homens a abandonar suas gaiolas religiosas para se transformarem em seres alados!”
Rubem Alves

“Teologia não é coisa de quem acredita em Deus, mas de quem tem saudades de Deus”.
Rubem Alves


sábado, 11 de fevereiro de 2012

Entendendo as pessoas: Elas são boas ou más?







Entendendo as pessoas: Elas são boas ou más?


Jesus disse:” Descia um homem de Jerusalém a Jericó. Pelo caminho caiu em poder de ladrões que, depois de o despojarem e espancarem, se foram, deixando-o semimorto. Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote. Vendo-o, passou ao largo. Do mesmo modo, um levita, passando por aquele lugar, também o viu e seguiu adiante. Mas um samaritano, que estava de viagem, chegou ao seu lado e, vendo-o, sentiu compaixão. Aproximou-se, tratou-lhe as feridas, derramando azeite e vinho. Fê-lo subir em montaria, conduziu-o à hospedaria e cuidou dele. Pela manhã, tomou duas moedas de prata, deu-as ao hospedeiro e disse-lhe: ‘Cuida dele e o que gastares a mais na volta te pagarei’”.
Lucas 10:30-35

As pessoas são fundamentalmente  boas ou más? Quase todos nós chegamos a uma dessas duas conclusões a respeito da natureza humana. Mas, se examinarmos como Jesus falava sobre as pessoas, parece que ele não chegou a nenhuma conclusão.
Alguns de nós somos como o sacerdote e o levita da parábola, outros como o samaritano, outros como os ladrões e outros ainda como o homem que foi espancado e deixado meio-morto. Mas o que levou o samaritano a ter aquele comportamento? Foi o fato de ele ser essencialmente uma boa pessoa? Jesus repetidamente mostrou que o aspecto essencial da natureza humana é a nossa necessidade de ter um relacionamento amoroso com Deus e com os outros. Por isso uma pessoa se define pelo relacionamento com ele.
Do ponto de vista psicológico, encarar as pessoas simplesmente como boas ou más é muito simplista. Talvez seja mais fácil pensar assim porque, ao rotular os outros, sabemos em quem confiar e quem evitar. Mas a verdade é que sempre existem possíveis “samaritanos” e “ladrões” entre nós, e cada um de nós tem aspectos de ladrão, de sacerdote e de samaritano. Aqueles que reconhecem e valorizam a sua necessidade básica de se relacionar amorosamente com os outros tendem a ser boas pessoas e a ter um bom comportamento. Eles precisam dos outros, de modo que não desejam feri-los. As pessoas que violam sua natureza essencial de viver um bom relacionamento com os outros comportam-se como más.
A parábola do bom samaritano fala de pessoas boas e más. Jesus explica a diferença entre os dois tipos em função do relacionamento que estabeleceram com o homem ferido. Jesus não fala que eram boas ou más essencialmente. Ele conhecia profundamente a natureza humana e por isso pode nos ajudar hoje a compreender o comportamento de todas as pessoas que conhecemos, inclusive o nosso.

TEXTO RETIRADO DO LIVRO : JESUS O MAIOR PSICÓLOGO QUE JÁ EXISTIU


Galera... esse texto é só o começo. colocarei outros sobre pessoas boas ou más... são experiências que temos todos os dias não é mesmo? 

Aí vai meu pensamento da noite de presente a todos:

"No momento em que Adão e Eva pararam de brincar, Deus os expulsou do Paraíso. Não fez isso por não gostar deles, mas por medida preventiva: sabia que qualquer paraíso vira inferno quando quem não sabe brincar entra lá. Daí a reza da Adélia Prado:'Meu Pai, me cura de ser grande!'"
Rubem Alves

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

JARDINS





"O otimismo se alimenta de grandes coisas. Sem elas, ele morre. A esperança se alimenta de pequenas coisas. Nas pequenas coisas ela floresce. O otimismo tem suas raízes no tempo. A esperança tem suas raízes na eternidade".


“É assim que eu imagino Deus, como um pescador que vai lançando nas águas as redes da eternidade, para pescar tudo aquilo que foi amado e que se perdeu. Para nos devolver”.

“A oração põe música no meu silêncio”.

“Se, como Freud disse, o programa da vida está determinado pelo ‘princípio do prazer’, sinto-me tentado a sugerir que a metáfora suprema para o prazer é o jardim. Não foi por acidente que o trabalho de Deus na criação terminou num jardim, Paraíso, lugar de deleites”.


TEXTOS RETIRADOS DO LIVRO ESPIRITUALIDADE DE RUBEM ALVES...


QUE COMECE 2012!!!! VAMOS PROCURAR NOSSOS JARDINS...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Podemos estar sinceramente errados....




PODEMOS ESTAR SINCERAMENTE ERRADOS

                “ Os homens humildes são muito afortunados!”
Mateus 5:5 (linving Bible)
               

                Às vezes confiamos muito no que pensamos porque isso nos dá uma falsa sensação de segurança. Podemos sinceramente acreditar que algo é verdade, mas ainda assim estar completamente errados. Jesus nos avisou que não devemos confundir sinceridade com a verdade. Quando acreditamos em alguma coisa, estamos convencidos de que ela é a verdade. Jesus ensinou que devemos ser humildes com relação ao que pensamos saber, porque só podemos conhecer a verdade a partir de nossa perspectiva pessoal.
                Quando eu estava na faculdade, um grupo de cristãos da contra-cultura costumava fazer pregações nos pontos mais freqüentados do campus. Um deles pregava a mensagem de Jesus com toda a força. Eu ficava impressionado com a sinceridade e o poder da sua convicção. Tive certeza, depois de ouvi-lo durante meses, de que ele devia ter conseguido converter muitas pessoas. Certo dia, perguntei-lhe:
                - Então, quantas pessoas vocês conseguiram atrair para Cristo com os seus discursos?
Para a minha surpresa a resposta foi:
                - Na verdade, nenhuma. Mas isso não importa. É a nossa missão.
                Ele tinha a firme convicção de estar fazendo a coisa certa. O resultado não era tão importante quanto a sinceridade com a qual executava a tarefa. Nunca duvidei da sua autenticidade, mas questionei se o simples fato de ser sincero fazia com que estivesse certo. Na verdade, eu conhecia dezenas de alunos da faculdade que ficavam irritados com os sermões e se afastavam daquele Deus sobre o qual ele estava pregando porque não queriam aproximar-se de alguém que parecia não lhes dar importância
                Esse pregador ignorava uma importante verdade que Jesus exercitava. Ser ao mesmo tempo fortemente  convicto e bastante flexível requer uma grande força de caráter. As pessoas maduras conseguem ser corajosas o suficiente para se comprometerem com a verdade, permanecendo abertas à possibilidade de estarem erradas com relação à maneira como a percebem. É assim que o conhecimento e a humildade se relacionam.
Jesus disse: “Os homens humildes são muito afortunados”, porque a pessoa rígida é a que mais sofre com sua rigidez. Ele sabia que pretender ser dono da verdade pode ter efeitos profundamente negativos, porque, apesar das nossas boas intenções, podemos estar sinceramente errados.

PRINCÍPIO ESPIRITUAL: NÃO CONFUNDAM A SINCERIDADE COM A VERDADE; VOCÊS PODEM ESTAR SINCERAMENTE ERRADOS.



TEXTO RETIRADO DO LIVRO: JESUS, O MAIOR PSICÓLOGO QUE JÁ EXISTIU