O balde
Quando menino, eu era muito inconstante e preguiçoso.
Faltava-me persistência, inclusive para os estudos.
Um dia, quando eu brincava no quintal, meu avô chamou-me e
mostrou-me, no soalho do galpão, um grande balde cheio de agua.
Tinha na mão uma linda pera, lisa e brilhante que , de
imediato despertou a minha cobiça. Entretanto, para minha decepção, ele não me
deu. Pegou o fruto, delicioso e maduro, e colocou-o na agua, onde ele ficou a
flutuar. E, então, me disse:
- você quer essa
pera, não quer? Pois ela será sua. Mas você terá de apanha-la, sem o auxilio
das mãos, só com os dentes. A pera era tentadora e eu atirei-me à tarefa que,
de início, até me pareceu divertida.
Entretanto, aos poucos, fui me cansando e terminei por
desistir, sem lograr o objetivo.
Meu avô, porém, incitava-me a tentar de novo, a redobrar
esforços.
E, ao cabo de algum tempo – eu já estava com as costas doendo e alagado de suor - , consegui abocanhar
a fruta.
E foi com orgulho que a entreguei ao meu avô.
Então ele me disse com simplicidade, sorrindo bondosamente:
- você viu coo é
agradável a sensação que teve ao vencer? Se quiser ter para si os frutos bons
da vida e sentir sempre essa maravilhosa emoção que o faz sorrir, lembre-se
disto: é preciso persistir, persistir e persistir. Tome, a pera é sua, você vê
que, agora, tem mesmo direito a ela.
A lição impressionou-me profundamente.
E hoje, toda vez que me sinto inclinado ao desânimo,
lembro-me daquela experiência com a pera e atiro-me para frente, com redobrados
esforços.
Ampara teu filho ainda hoje, conduzindo-o nas veredas do
bem, a fim de que não lhes chores a perda, amanha, nas constantes arremetidas
do mal.
Bezerra de Menezes
TEXTO RETIRADO DO LIVRO: E, PARA O RESTO DA VIDA.... DE
WALLACE RODRIGUES
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