sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz Vida Nova a todos nós!


Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.
Miguel Unamuno
Esse foi o meu ano de sobrevivência. Foi a época que eu tive que aprender a suportar certas dores, a esperar uma melhora física muito grande. Literalmente precisei aprender a andar de novo.  Interiormente e fisicamente, andei novamente. Nesse ano que se inicia quero desejar que todos os desejos dos nossos corações sejam realizados de acordo com a Vontade de Deus. Pois quando Ele está no centro de tudo, tudo fica mais fácil. Ano que vem estaremos "Eu e a vida" novamente. Não apenas cresci, mas hoje me valorizo como pessoa e, principalmente como mulher. E isso tudo foi graças aos meus companheiros de choros, de jornadas e, principalmente de hospital (rsrrsr). Obrigada a:
  • Matheus Filipe ( violonista)
  • Victor Figueiredo ( baixista)
  • Lorena Amaral (cantora lindíssima)
  • Bruna Rosa (amiga de todas as horas)
  • Patrícia Fernandes ( que me escutou quando ninguém me escutava mais)
  • Nayara Reis (que sorriu das minhas doidices)
  • Paula Alonso (que me deixou pra cima sem perceber)
  • Daniel Monteiro (meu amado baterista e eterno conselheiro)
  • Lucas Sagaz (que me fez rir tanto ao invés de chorar)
  • Daniel Barbosa (que não se esquece de mim nunca)
  • André Ferreira (meu advogado preferido)
  • Filipe Ferreira (que sempre está sorrindo e cavalheiro comigo)
  • Ana Marina (que confia em mim demais)

Feliz Vida Nova a todos nós...

Todo o dia é ano novo.
Todo dia é ano novo
Entre a lua e as estrelas
num sorriso de criança
no canto dos passarinhos
num olhar, numa esperança...
Todo dia é ano novo
na harmonia das cores
na natureza esquecida
na fresca aragem da brisa
na própria essência da vida.
Todo dia é ano novo
no regato cristalino
pequeno servo do mar
nas ondas lavando as praias
na clara luz do luar...
Todo dia é ano novo
na escuridão do infinito
todo ponteado de estrelas
na amplidão do universo
no simples prazer de vê-las
nos segredos desta vida
no germinar da semente.
Todo dia é ano novo
nos movimentos da Terra
que gira incessantemente.
Todo dia é ano novo
no orvalho sobre a relva
na passarela que encanta
no cheiro que vem da terra
e no sol que se levanta.
Todo dia é ano novo
nas flores que desabrocham
perfumando a atmosfera
nas folhas novas que brotam
anunciando a primavera.
Você é capaz, é paz
É esperança
Todo dia é ano novo
no colorido mais bel
odos olhos dos filhos seus...
Você é paz, é amora alegria de Deus.
Não há vida sem volta
e não há volta sem vida
no ciclo da natureza
neste ir e vir constante
No broto que se renova
na vida que segue adiante
em quem semeia bondade
em quem ajuda o irmão
colhendo felicidade
cumprindo a sua missão.
Todo dia é ano novo...portanto...feliz ano novo todo dia!
desconhecido

domingo, 25 de dezembro de 2011

Homens Inteligentes


Para Homens Inteligentes


Homens inteligentes sabem que as mulheres são admiravelmente complexas, um mundo a ser explorado, um tesouro a ser descoberto. Elas são tão fascinantes que, o dia em que eles acharem que conhecem uma mente feminina, deveriam saber que erraram o diagnóstico.
Homens inteligentes têm consciência de que o mais calmo ser humano tem seus momentos de estresse, o mais ponderado tem reações incoerentes, o mais generoso tem seus momentos de egoísmo e, portanto, deveriam saber que quem não reconhece seus erros e pede desculpas, especialmente para a mulher que ama e para seus filhos jamais alcançará a maturidade psíquica nem construirá relações saudáveis.

Augusto Cury


Muito cedo para decidir
Rubem Alves

Gandhi se casou menino. Foi casado menino. O contrato, foram os grandes que assinaram. Os dois nem sabiam direito o que estava acontecendo, ainda não haviam completado 10 anos de idade, estavam interessados em brincar. Ninguém era culpado: todo mundo estava sendo levado de roldão pelas engrenagens dessa máquina chamada sociedade, que tudo ignora sobre a felicidade e vai moendo as pessoas nos seus dentes. Os dois passaram o resto da vida se arrastando, pesos enormes, cada um fazendo a infelicidade do outro.

Vocês dirão que felizmente esse costume nunca existiu entre nós: obrigar crianças que nada sabem a entrar por caminhos nos quais terão de andar pelo resto da vida é coisa muito cruel e... burra! Além disso já existe entre nós remédio para casamento que não dá certo.

Antigamente, quando se queria dizer que uma decisão não era grave e podia ser desfeita, dizia-se: "isso não é casamento!". Naquele tempo, sim, casamento era decisão irremediável, para sempre, até que a morte os separasse, eterna comunhão de bens e comunhão de males. Mas agora os casamentos fazem-se e desfazem-se até mesmo contra a vontade do Papa, e os dois ficam livres para começar tudo de novo...

Pois dentro de poucos dias vai acontecer com nossos adolescentes coisa igual ou pior do que aconteceu com o Gandhi e a mulher dele, e ninguém se horroriza, ninguém grita, os pais até ajudam, concordam, empurram, fazem pressão, o filho não quer tomar a decisão, refuga, está com medo. "Tomar uma decisão para o resto da minha vida, meu pai! Não posso agora!" e o pai e a mãe perdem o sono, pensando que há algo errado com o menino ou a menina, e invocam o auxílio de psicólogos para ajudar...

Está chegando para muitos o momento terrível do vestibular, quando vão ser obrigados por uma máquina, do mesmo jeito como o foram Gandhi e Casturbai (era esse o nome da menina), a escrever num espaço em branco o nome da profissão que vão ter.

Do mesmo jeito não: a situação é muito mais grave. Porque casar e descasar são coisas que se resolvem rápido. Às vezes, antes de se descasar de uma ou de um, a pessoa já está com uma outra ou um outro. Mas, com a profissão não tem jeito de fazer assim. Pra casar, basta amar.

Mas na profissão, além de amar tem de saber. E o saber leva tempo pra crescer.

A dor que os adolescentes enfrentam agora é que, na verdade, eles não têm condições de saber o que é que eles amam. Mas a máquina os obriga a tomar uma decisão para o resto da vida, mesmo sem saber.

Saber que a gente gosta disso e gosta daquilo é fácil. O difícil é saber qual, dentre todas, é aquela de que a gente gosta supremamente. Pois, por causa dela, todas as outras terão de ser abandonadas. A isso que se dá o nome de "vocação"; que vem do latim, vocare, que quer dizer "chamar". É um chamado, que vem de dentro da gente, o sentimento de que existe alguma coisa bela, bonita e verdadeira à qual a gente deseja entregar a vida.

Entregar-se a uma profissão é igual a entrar para uma ordem religiosa. Os religiosos, por amor a Deus, fazem votos de castidade, pobreza e obediência. Pois, no momento em que você escrever a palavra fatídica no espaço em branco, você estará fazendo também os seus votos de dedicação total á sua ordem. Cada profissão é uma ordem religiosa, com seus papas, bispos, catecismos, pecados e inquisições.

Se você disser que a decisão não é tão séria assim , que o que está em jogo é só o aprendizado de um ofício para se ganhar a vida e, possivelmente, ficar rico, eu posso até dizer: "Tudo bem! Só que fico com dó de você! Pois não existe coisa mais chata que trabalhar só para ganhar dinheiro."

É o mesmo que dizer que, no casamento, amar não importa. Que o que importa é se o marido — ou a mulher — é rico. Imagine-se agora, nessa situação: você é casado ou casada, não gosta do marido ou da mulher, mas é obrigado a, diariamente, fazer carinho, agradar e fazer amor. Pode existir coisa mais terrível que isso? Pois é a isso que está obrigada uma pessoa, casada com uma profissão sem gostar dela. A situação é mais terrível que no casamento, pois no casamento sempre existe o recurso de umas infidelidades marginais. Mas o profissional, pobrezinho, gozará do seu direito de infidelidade com que outra profissão?

Não fique muito feliz se o seu filho já tem idéias claras sobre o assunto. Isso não é sinal de superioridade. Significa, apenas, que na mesa dele há um prato só. Se ele só tem nabos cozidos para comer, é claro que a decisão já está feita: comerá nabos cozidos e engordará com eles. A dor e a indecisão vêm quando há muitos pratos sobre a mesa e só se pode escolher um.

Um conselho aos pais e aos adolescentes: não levem muito a sério esse ato de colocar a profissão naquele lugar terrível. Aceitem que é muito cedo para uma decisão tão grave. Considerem que é possível que vocês, daqui a um ou dois anos, mudem de idéia. Eu mudei de idéia várias vezes, o que me fez muito bem. Se for necessário, comecem de novo. Não há pressa. Que diferença faz receber o diploma um ano antes ou um ano depois?

Em tudo isso o que causa a maior ansiedade não é nada sério: é aquela sensação boba que domina pais e filhos de que a vida é uma corrida e que é preciso sair correndo na frente para ganhar. Dá uma aflição danada ver os outros começando a corrida, enquanto a gente fica para trás.

Mas a vida não é uma corrida em linha reta. Quando se começa a correr na direção errada, quanto mais rápido for o corredor, mais longe ele ficará do ponto de chegada. Lembrem-se daquele maravilhoso aforismo de T. S. Eliot: "Num país de fugitivos os que andam na direção contrária parecem estar fugindo."

Assim, Raquel, não se aflija. A vida é uma ciranda com muitos começos.

Coloque lá a profissão que você julgar a mais de acordo com o seu coração, sabendo que nada é definitivo. Nem o casamento. Nem a profissão. E nem a própria vida...
O escritor  responde a uma estudante angustiada e dá aos pais motivos para meditarem sobre a escolha da profissão.

O texto acima foi extraído do livro "Estórias de quem gosta de ensinar — O fim dos Vestibulares", editora Ars Poetica — São Paulo, 1995, pág. 31.
Rubem Alvestudo sobre o autor e sua obra em "Biografias".

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Cemitério




"Somente onde há sepulturas há também ressurreições"

(Nietzsche)


Minha alma é um bolso onde guardo minhas memórias vivas. Memórias vivas são aquelas que continuam presentes no corpo. Uma vez lembradas, o corpo ri, chora, comove-se, dança... "O que a memória amou fica eterno", disse a Adélia Prado. Mas há um outro tipo de memória que não foi eternizado pelo amor. Essas memórias não moram na alma. Moram nos arquivos da razão. São informações verdadeiras e inertes. Inertes são as memórias que a razão sabe mas o corpo não ama. É o caso daquilo que comumente se chama de "curriculum vitae". Um curriculum vitae é uma lista de informações inertes. Importantes do ponto de vista institucional, frequentemente exigidas, como comprovação de competência. Mas sua lembrança não me comove. Assim, acho que não merecem ser chamadas de "curriculum vitae". A vida não é uma lista de informações. Prefiro chamar esta lista de "curriculum mortis" - nada mórbido, apenas cômico. Meu currículum vitae verdadeiro você encontrará nas minhas conversas, crônicas, pensamentos, cartas, concertos de poesia. Mas para atender à curiosidade de alguns e às exigências de outros, vai um mini-curriculo. O completo é muito comprido.

Rubem Alves


O meu currículo também é muito comprido. Mas acho que é formado pelas coisas que amo. É assim:
Meu nome é Isabella de Sousa Lage, 26 anos.
Técnica em Informática gerencial, cursada em Musicoterapia, Piano Popular e Licenciatura em Educação Musical escolar. 
Antes disso tudo cursei História.
Mas preferi cursar a minha história no fim das contas
Meu verdadeiro currículo é que amo cantar, odeio dançar, gosto de fazer graça, mas sou tímida. sou aberta pra muitas coisas na vida, mas fechada em meu mundo por várias vezes.
sonho alto e vivo muito. Me importa a felicidade e não o dinheiro, e, como vocês ja sabem acredito que a felicidade são feitas de momentos.
Amo compor, motivo pelo qual tenho 250 músicas. Amo viver e morro pra que isso aconteça, se é que me entende.
Amo escrever, tenho histórias, pensamentos, poesias e até um blog.
Mas, meu interesse nesse cemitério vivo é dizer a vocês meus amigos, que nesse Natal, aprendam com o que passou e aprendam a viver mais intensamente.
como diz meu cantor predileto Jorge Vercilo, "O eterno aprendizado é o próprio fim". O Natal não é amanha, mas sempre. Jesus precisa nascer todos os dias nas nossas vidas, pois como diz a Bíblia, suas misericórdias se renovam a cada manhã e são a causa de não sermos consumidos. 
Vamos viver mais uma vez nesse Natal e no ano que se inicia. Sem promessas, apenas com sonhos. Não vamos prometer o que nao vamos cumprir durante o ano. Vamos sonhar e trabalhar para que isso aconteça. Aprendi bastante esse ano e quero aprender mais. As coisas acontecem para o nosso crescimento, alguns me acham criança, vivem dizendo isso pra mim, ou melhor, escrevendo, criando intrigas, mas sabe de uma coisa? 
A minha resposta é que quando eu crescer o que eu quero mesmo é ser criança.
Feliz Natal!!

Isabella Lage

Uma música que cuidou de mim esse Ano foi o maravilhoso músico Ivan Lins... aprendam também

A Gente Merece Ser Feliz

Ivan Lins

Tudo que eu fiz
Foi ouvir o que o meu peito diz:
"Que apesar de toda magoa
Vale a pena toda luta
Para ser feliz"
Tudo que eu fiz foi seguir a mesma diretriz
Confiando e acreditando
Que na vida todo mundo pode ser feliz
É preciso crer no coração
Porque se não
Não tem razão de se viver
E eu quero ver
Nascer um tempo bom
Meu peito diz:
"Coracao da gente é igual pais"
Não deu certo uma mudanca, você muda de esperança
Porque a gente merece ser feliz (4x)
Tudo que eu fiz
Foi ouvir o que o meu peito diz:
"Que apesar de toda magoa
Vale a pena toda luta
Para ser feliz"
Tudo que eu fiz foi seguir a mesma diretriz
Confiando e acreditando
Que na vida todo mundo pode ser feliz
É preciso crer no coração
Porque se não
Não tem razão de se viver
E eu quero ver
Nascer um tempo bom
Meu peito diz:
"Coracao da gente é igual pais"
Não deu certo uma mudanca, você muda de esperança
Porque a gente merece ser feliz (4x)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sobre Família...

Para todos os pais e mães, com muito carinho... um texto lindo do nosso querido Rubem Alves

" 
Faz uns meses acompanhei o que acontecia com um casal de corruíras e seus filhotes. Haviam feito um ninho no meu jardim. Os filhotes já sabiam voar. Menos um. Tentou o vôo. Fracassou. Caiu no chão. Pai e mãe, o pai num galho de árvore, a mãe no ninho, piavam. Acho que eles estavam dizendo: "Vamos! Tente de novo! Você pode!" O filhote tentou de novo. Bateu suas asas. Voou até o galho onde se encontrava o pai. Do galho, voou para o ninho, onde estava a mãe. No dia seguinte fui visitar a família. Olhei cuidadosamente dentro do ninho. Estava vazio. A família tinha partido. Acho que, para o casal de corruíras, a cena mais querida era precisamente aquela: o ninho vazio. Os filhotes não mais dependiam deles. Podiam voar, voar, por conta própria. 
Gibran Khalil Gibran, no seu livro, O Profeta, tem um lindo texto sobre os filhos que se tornou clássico. Nele ele diz algo mais ou menos assim: "Vossos filhos não são vossos. São flechas. Vós sois o arco que dispara as flechas". Bonito mas errado. Nossos filhos não são flechas. Porque flechas, ainda que disparadas, vão na direção que o arco indicou. Mas os nossos filhos não vão na direção que escolhemos. O certo seria:"Vossos filhos são flechas que, uma vez disparadas, se transformam em pássaros. Voam para onde querem".
Somos diferentes das corruíras. Ficamos no ninho e queremos que os filhos voltem. Você é ninho. Deseja que os filhos voltem, agradecidos. Mas os seus filhos estão descobrindo as delícias do vôo. O livro de Eclesiastes, sagrado, diz que "para tudo existe um tempo certo. Há tempo de abraçar, há tempo de deixar de abraçar". Você está vivendo o tempo de abraçar. Seus filhos estão vivendo o tempo de deixar de abraçar. 
A exigência de amor obrigatório são gaiolas. Pássaros fogem de gaiolas. Só amam as gaiolas pássaros que não sabem voar. Se formos apenas ninhos, sem gaiolas, eles voltarão. Não agora. Pois agora é o tempo da descoberta da liberdade. Pássaro que descobriu a liberdade não pensa nem no papai nem na mamãe. É preciso deixar ir para que eles queiram voltar. Voltarão, quando tiverem saudade. Acredite em mim. Não falo teoria. Falo experiência própria... Aprenda a ser você sem mendigar gratidão dos filhos. Aprenda a voar sozinha. São belas as aves que voam sozinhas."
Bem-aventuradas são as mães que vivem e ensinam aos seus filhos e filhas o amor que serve como fundamento, força e segurança para alçar o vôo em direção à independência e auto-afirmação. Bem-aventuradas são as mães que vivem do amor que é graça, isto é, que não exige retribuição.  Pois mães que vivem do amor que é graça, não vivem de presentes que se resumem a um dia especial. Mães que vivem do amor que é graça, sabem que o maior presente que podem receber de seus filhos e filhas é saber que estão caminhando na retidão e nas bem-aventuranças de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Ó Deus, faze-nos viver do amor que vem de tuas mãos. Amor que não espera dia especial nem ocasião específica, mas que alimenta e fortalece para que a vida seja uma bem-aventurança."

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Depressões do ser humano...



Me perdoem o meu desaparecimento.. mas passei por grandes experiências...
no dia 17 de maio sofri um acidente, uma carreta de coca cola jogou meu carro num buraco. tentou me ultrapassar indo na contramão.. um carro estava vindo em sua direção. e daí a carreta veio para o meu lado. foi um susto, nao me lembro de nada do que aconteceu porque bati a cabeça muito forte. tive traumatismo craniano, um coagolo de sangue na minha cabeça que vou controlar com exames, fiquei um tempo em delirio, perdi a consciencia, meu carro deu perda total, capotou varias vezes, coloquei uma placa de metal por dentro da perna unindo os ossos da minha perna quebrada e estou com pinos nas maos porque quebrei os dedos da mao direita. ainda estou sem andar e talvez comece a fazer isso semana que vem. fiquei  de cama e cadeira de rodas.


Mas aos poucos descobri uma coisa incrível...Que precisamos deixar de ser inujusto conosco.Percebi que estava trabalhando demais, não estava me divertindo ou saindo. Me sentia desiludida em todas as áreas, triste por dentro e, trabalhava pra não deixar transparecer ou pra não sentir mesmo.. Deus faz coisas que não entendemos, mas nos deixa tão bem em seguida...  Daí me lembrei de um texto que diz tudo o que eu queria dizer...



Definitivo

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...
Carlos Drummond de Andrade
Hoje minha opção é não sofrer por pouca coisa, é viver mais, porque aprendemos a ficar perto da vida quando deixamos de sofrer..Novidades, o meu seguro total pagou meu carro novo e já estou motorizada de novo.. Deus está renovando minha vida em todas as áreas de uma forma maravilhosa! Já não estou nessa cadeira de rodas.. depois de tres meses nela, estou andando novamente... mancando... mas andando...Obrigada aos amigos que não largaram do meu pé e não me deixaram sozinha. Que me trouxeram presentes, companhias e ficaram comigo no hospital mesmo eu não os reconhecendo devido ao delírio.. Agradeço aos meus amigos:
  • Deborah
  • Nayara
  • Daniel
  • Lucas Garcia
  • André Polycarpo
  • Sheila Braga
  • Isabela
  • Lucimere
  • Lorena Amaral
  • Lis
  • Filipe
  • Fernanda Valadares
  • Juliana Calijorne
  • Thiago Braga
  • Daniel Barbosa
  • Filipe Neves
  • Pastor Rogério e família
  • Equipe do Colégio Maximus
  • Alex Lemos
  • Hilda
  • Alexandre
  • Mateus filippi
  • Victor Figueiredo
  • Eduardo Fidelis e Amanda
  • Sthefanie Guedes
  • Bruna Rosa
  • Carlos Guerra
  • Eny
  • João Paulo
  • Jardel Rodrim
  • Laisa
  • Murilo Ribeiro
  • Irene e Emanuele
  • Wallace Campos

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A arte maior




A arte maior....

Hoje eu não tenho um pensamento bacana de algum livro que eu esteja lendo pra mostrar. Hoje eu andei pensando mais do que de costume e cheguei a uma conclusão que alguns podem se opor: A vida é um conto de fadas. Daí você me pergunta... como assim? Pelo contrário a vida é dura e não é tão bonita quanto nas histórias de príncipes e princesas. Mas eu digo a você que a vida é como nas histórias, porque os príncipes e princesas encontram o final feliz só no fim, daí o nome FINAL FELIZ não é verdade? Antes disso eles enfrentam bruxas, uma vida cruel como a cinderela, com irmãs e madrastas malvadas, ou podem ser envenenadas com branca de neve. A crueldade é o que mais acontece na trajetória dos príncipes e princesas, reis e rainhas dos contos de fadas. Os problemas são a grande parte da história e, inclusive, prendem a atenção de nós leitores. O grande final, o enfim descanso, o beijo tão esperado se dá no fim daquele amontoado de problemas. O próprio Jesus passou por grandes tribulações. Todos os  santos ou personagens históricos que conhecemos tiveram suas lutas, então eu te pergunto, por que a vida não é um conto de fadas?
Outro dia fui a Diamantina. Entrei numa lojinha linda e muito cara, por sinal, que vendia uma blusa branca escrito bem colorido: A VIDA É DA COR QUE A GENTE PINTA.
Que frase! Essa ganharia de trilhões de pensadores e filósofos de todos os tempos.
Porque há dias em que eu pinto minha vida de preto ou um cinza bem angustiante. Há outros que ela está igual um arco íris de tão coloria, e, assim, caminhando a gente vai pintando o nosso quadro da vida.
Jorge vercilo compôs uma musica maravilhosa que se chama EU E A VIDA como o meu blog. Nessa música ele diz que O ETERNO APRENDIZADO É O PRÓPRIO FIM.
A gente tem a mania de ou pensar demais no passado ou planejar demais o futuro, e o presente? Ele vira esse amontoado de problemas porque estamos tentando resolver coisas que nem aconteceram ainda. O presente é o presente dado por Deus a nós. Jorge vercilo tem outra música perfeita que fala que O MAIS IMPORTANTE NO BORDADO É O AVESSO. E O MAIS IMPORTANTE EM MIM É O QUE EU NÃO CONHEÇO.
Sábio compositor. O milagre somos nós mesmos, e o desafio da vida é nos conhecer, é aprofundar no eu mesmo que seja o que não queremos ou imaginamos. Aos poucos, vamos nos conhecendo e nos desarmando de nós mesmos. Não existe inimigo pior que não seja o eu. Ele nos diz quem realmente somos, mesmo que não queiramos ouvir.
A vida sempre será o nosso conto de fadas. Porque como os príncipes e princesas nós sonhamos, nos caímos, levantamos, lutamos e vencemos. De alguma forma a gente vence. Nos contos de fadas os vencedores chegam no fim da luta cheio de machucados, cicatrizes, lembranças ruins a serem superadas. A pobre da branca de neve até entrou em coma, eu acho. A bela adormecida dormiu mais do que devia por causa da bruxa, perdeu tantas oportunidades, tantos dias bonitos, mas conseguiu acordar com um final feliz não é mesmo? A própria cinderela que aproveitou tão pouco a festa, conseguiu o seu príncipe no final e tirou aquela roupa imunda, parou de esfregar o chão. Qualquer história tem um ponto crítico, um problema terrível, porque então nós não tempos?
É duro aceitar o que somos, aceitar nossos erros ou a realidade que temos. As vezes cansamos de ser a gata borralheira que só trabalha, mas, eu acredito, que a felicidade não vai chegar no fim como nos contos de fadas. Nós temos uma vantagem. A felicidade é feita de momentos. São momentos, na verdade. Então, entre uma dificuldade e outra a gente ta sempre sorrindo. Exatamente. Acontece um problema, e algum tempo depois estamos rindo desse problema junto com os amigos no bar. Perdemos alguém que amamos, mas fazemos de tudo pra ser melhor por eles que foram embora. Porque a alegria do músico, do pintor, do artista, do trabalhador, está em construir, pintar o quadro, compor a música e não necessariamente na obra final. Mas o sorriso é por tudo o que se passou. Tudo o que se aprendeu.
Meu coração, minha alma, estão bem calejados. Bem marcados. Cheio de cicatrizes. Mas não é que eu vou ter muita história pra contar, pra aprender, pra pintar? Fiz tantos amigos nesse meio tempo, consegui tantas coisas, que hoje, as perdas, as desilusões, são pequenas. Meu espírito está em paz. E a gente vai crescendo, o tempo vai escorrendo pelas mãos, e, como diz Jorge vercilo na música EU E A VIDA.... “Quando eu vejo a vida espera mais de mim”
To aqui pintando meu quadro, não sei se vai ficar tão bonito no final, mas uma coisa eu garanto, vai estar bem colorido!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Crianças acreditam em Deus?



"OS HOMENS NÃO QUEREM DEUS.
O QUE ELES QUEREM É O MILAGRE" - DOSTOIÉVSKI

Deus e as crianças... o que as crianças pensam de Deus? Rubem Alves me ensinou muito hoje...


Infância. Crianças não têm idéias religiosas. Nada sabem sobre entidades espirituais. Crianças são criaturas deste mundo. Elas o experimentam através dos sentidos, especialmente a visão. As crianças não têm idéias religiosas, mas têm experiências místicas. Experiência mística não é ver seres de outro mundo. É ver este mundo iluminado pela beleza. Essas são experiências grandes demais para a linguagem. Dessas experiências brotam os sentimentos religiosos. Religião é a casa vazia da cigarra sobre o tronco da arvore. Sentimento religioso é a cigarra em vôo. Menino, eu voava com as cigarras.
                As idéias religiosas não nascem das crianças. São colocadas no corpo das crianças pelos adultos. Minha mãe me ensinou a rezar:” Agora me deito para dormir. Guarda-e, ó Deus, em teu amor. Se eu morrer sem acordar, recebe minh’alma, ó Senhor, Amém”. Resumo mínimo de teologia cristã: há Deus, há morte, há uma alma que sobrevive à morte. Depois vieram outras lições:”Deus está te vendo, menino...” deus vira um Grande Olho que tudo vê e me vigia. Meu primeiro sentimento em relação a Deus: medo.
                As crianças acreditam naquilo que os grandes falam. E assim se inicia um processo educativo pelo qual os grandes vão escrevendo no corpo de criança – passa a ser o caderno em que os adultos escrevem suas palavras religiosas. Muitas são as lições do catecismo. Deus é um espírito que sabe todas as coisas. Vê o que você está fazendo com as mãos debaixo das cobertas, com a luz apagada. Deus é onipotente: pode fazer todas as coisas. Tendo poder absoluto, tudo que acontece é porque ele quis. A criancinha defeituosa, a mãe que morre no parto, as câmaras de tortura, as guerras... as tragédias não acontecem. Deus as produz. Diante das tragédias ensina-se que se deve repetir: “É a vontade de Deus”. É preciso fazer o que Deus manda, pois, se não o fizer, ele me castigará. Se eu morrer sem me arrepender, serei punido com o fogo do inferno, eternamente. Essa vida do corpo, na terra, não tem valor. Vale de lágrimas onde os degredados filhos de Eva lamentam e choram, esperando o céu. O céu vem depois da morte. Deus mora no lugar que há depois que a vida acaba. O mundo é um campo de provas minado por prazeres onde o destino eterno da alma vai ser decidido. Para amar a Deus e seu céu, é preciso odiar a vida. Quem ama as coisas boas da vida não está amando a Deus. Negar o corpo: lacerações, abstenções, sacrifícios – essas são as dádivas que se devem oferecer a Deus. Ele fica feliz quando sofremos. De todos os prazeres, os mais perigosos são os prazeres do sexo. Assim, é preciso fazer sexo sem prazer, para procriar. Deus nunca foi visto por ninguém. Mas revelou sua vontade a uma instituição, a Igreja, não importando se católica ou protestante. A ela, igreja, foi confiada a guarda do livro escrito por inspiração divina, as Sagradas Escrituras, a Grande Enciclopédia dos Saberes e das Ordens Divinas. Sendo assim, “fora da Igreja não há salvação”,porque fora da Igreja não há conhecimento de Deus
Ludwig Wittgenstein fala sobre o poder enfeitiçante das palavras. Palavras enfeitiçantes: aquelas que nos possuem e nos impedem de pensar. Assim são as idéias religiosas: o corpo dos homens  está coberto de palavras que, pelo medo, os dominam. “Possuídos”, não conseguem pensar pensamentos diferentes. Qualquer outra palavra pode significar o inferno. As inquisições, católica e protestante, jamais enviaram pessoas para fogueira por seus pecados morais. Os pecados morais levam o pecador para mais perto da Igreja, pois ela tem o poder de perdoar. Queimados foram aqueles que tiveram pensamentos diferentes: bruno Huss, Serveto.os crimes de pensamento afastam os homens da Igreja. Conseqüentemente,os afastam de Deus. Quem pensa pensamentos diferentes tem de ser eliminado ou pela fogueira ou pelo siêncio.

RUBEM ALVES - LIVRO O DEUS QUE CONHEÇO


Ficam ainda os pensamentos:

"E à raça humana eu digo:
- Não seja curiosa a respeito de Deus,
pois eu sou curioso sobre todas as coisas e não sou curioso a respeito de Deus. 
(Não há palavra capaz de dizer quanto eu me sinto em paz perante Deus e a morte)
Escuto e vejo Deus em todos os objetos,
embora de Deus mesmo eu não entenda nem um pouquinho".

WALT WHITMAN



"O que Deus quer é ver a gente aprendendo 
a ser capaz de ficar alegre a mais,
no meio da alegria,
e inda mais alegre no meio da tristeza!"

GUIMARÃES ROSA


sábado, 19 de março de 2011

Instantes - SE EU PUDESSE VIVER MINHA VIDA NOVAMENTE

 " Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria mais tolo ainda do que tenho sido; na verdade, bem poucas coisas levaria a sério. Seria menos higiênico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a mais lugares aonde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos imaginários. Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida. Claro que tive momentos de alegria. Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos. Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos; não percam o agora. Eu era um daqueles que nunca iam a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um paraquedas; se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse volvar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.
Se eu pudesse viver minha vida novamente, eu quereria vivê-la do jeito mesmo como a vivi, com seus desenganos, fracassos e equívocos. Doidice? Imaginem que eu estivesse infeliz. Eu teria então todas as razões para voltar atrás e tentar concertar os lugares onde errei. Mas eu não estou infeliz. Vivo um crepúsculo bonito, com a suíte número 1 de Bach, para violoncelo. Se houve sofrimentos no caminho, imagino que, se não os tivesse tido, talvez a suíte número 1 de Bach não estivesse sendo ouvida. Estou onde estou pelos caminhos e descaminhos que percorri.
E estou onde estou porque todos os meus planos deram errado. Isso é absolutamente verdadeiro. As pontes que construí para chegar aonde eu queria ruíram uma após a outra. Fui então obrigado a procurar caminhos não pensados. E aconteceu, por vezes, que nem mesmo segui, por vontade própria, os caminhos alternativos à minha frente. Escorreguei. A vida me empurrou. Fui literalmente obrigado a fazer o que não queria.
Sofri a dor da solidão e da rejeição. Mas foi esse espaço de solidão na minha alma que me fez pensar coisas que de outra forma eu não teria pensado.
Plantei árvores, tive filhos, escrevi livros, tenho muitos amigos e, sobretudo, gosto de brincar. Que mais posso desejara? Se eu pudesse viver minha vida novamente, eu  a viveria como a vivi porque estou feliz onde estou".

RUBEM ALVES - LIVRO SE EU PUDESSE VIVER MINHA VIDA NOVAMENTE...


SE....

E se descobríssemos que a felicidade não se procura, não se faz nem acontece...
são momentos em que o coração perde o pulso, descompassa, deixa de ser carne pra virar sentimento.
E se soubéssemos que tudo o que precisamos é de nada. Absolutamente nada.
Se desconfiássemos por alguns instantes que a tristeza, assim como a chuva, também passa, apesar de deixar as vezes alguns buracos pelo chão. Estes, mesmo tapados ainda serão
buracos.
Se percebéssemos que o sofrer e aquela dorzinha da alma fazem, na verdade, com que as lágrimas escorram como enchentes deixando alguns buracos no coração. E que esses buracos fazem parte do aprendizado e fazem parte do ser. Somos uma casa velha com histórias, e precisamos das cicatrizes pra poder contar um dia para alguém especial.
Ah... se ao menos pensássemos nos detalhes das pequenas coisas que fazem parte da vida, entenderíamos o abstrato como o concreto da alegria.
Se parássemos de tentar definir, conceituar e violentar, aprenderíamos que as palavras valem pouco, doem muito e de nada servem se não fizer parte da essência do ser.
Se de tudo um pouco soubéssemos..
Se de pouco tudo provássemos...
o vazio que sinto agora estaria cheio de nada. Porque se aprende vivendo. Se vive sonhando. Se cresce nos erros, experimentando.
Se sente no vento traiçoeiro das emoções. E se ama com o conjunto do corpo perfeito defeituoso, abrigo dos sentimentos e sentidos do ser. Do aroma eurudito na casa velha da nossa alma.
Se soubéssemos disso tudo antes não poderiamos ser. E eu sou.



Isabella Lage

quarta-feira, 16 de março de 2011

Pra se pensar...




Em agradecimento ao meu querido aluno André... Com carinho...



Investigar e aprender é função da mente. "aprender" não é mero cultivo da memória ou acumulação de conhecimentos, porém, a capacidade de pensar clara e sãmente, sem ilusões, partindo de fatos e não de crenças e ideais.
          Em nosso esforço para promover o total desenvolvimento do ente humano, devemos tomar em consideração tanto a mente inconsciente como o consciente. Tratar apenas de educar a mente consciente, sem compreender o inconsciente, é introduzir a autocontradição na vida humana, com todas as suas frustrações e desditas.
          A mente consciente é presente imediato, limitado, ao passo que a inconsciente está sob o peso dos séculos e não pode ser detida ou posta à margem por uma simples necessidade imediata.
          O inconsciente tem a qualidade do tempo profundo e a mente consciente, com sua recente cultura, não pode entender-se com o inconsciente, conforme suas passageiras premências. Quando não há resistência entre o manifesto e o oculto, então o oculto, dotado que é da paciência do tempo, não violará o presente imediato.
          A mente superficial que "experimenta" o exterior sem compreender o interior, o oculto, só Poe produzir conflito maior e mais amplo.
          A experiência não liberta ou enriquece a mente, como geralmente pensamos.
          Enquanto a experiência fortalecer o experimentador, haverá conflito. Tendo experiências, a mente condicionada apenas fortalece o seu condicionamento e, desse modo, perpetua a contradição e a desdita. Só a mente que é capaz da compreensão de todo o seu próprio mecanismo, pode experimentar ser um fator libertador.
          Uma vez percebidos e compreendidos os poderes e capacidades das numerosas camadas da mente oculta, poderão as particularidades ser examinadas judiciosa e inteligentemente. O importante é a compreensão da parte oculta, e não o mero preparo da mente superficial para a aquisição de conhecimentos, por necessários que sejam. Essa compreensão do oculto liberta a mente total do conflito, e só então há inteligência.
          Cumpre-nos despertar a capacidade plena da mente superficial que vive em diária atividade, e ao mesmo tempo compreender a mente oculta. Na compreensão do oculto há um viver total, na qual a autocontradição, com suas fases alternadas de sofrimento e felicidade, deixa de existir. É essencial estar-se familiarizado com a mente oculta e cônscio de seus movimentos; mas é igualmente importante não ficarmos ocupados com ela e atribuir-lhe indevida significação. É só quando a mente compreende o superficial e o oculto, que ela pode ultrapassar suas próprias limitações e descobrir aquela suprema e atemporal felicidade."

quarta-feira, 2 de março de 2011

Fala



FALA...


Para minha amiga Lorena Amaral com carinho....


Kierkegaar, filósofo dinamarquês, o primeiro que li, observou que toda fala contém duas coisas. Primeiro, aquilo que se diz, a mensagem que devo comunicar. Segundo, uma música, um jeito de falar, andamento, os pianíssimos, os fortíssimos. Para ele, é na música da fala que nós moramos, é ali que se encontra a nossa alma. Uma mesma mensagem pode ser dita ao som dos tambores ou do oboé. Lendo Kierkegaard aprendi isso intelectualmente. Na minha prática de psicanalista aprendi isso existencialmente. Eu tinha uma paciente que falava num dia em tom maior, no outro, em tom menor. Só de ouvir a música da sua fala, sem prestar atenção naquilo que ela estava dizendo, eu sabia como estava a sua alma. (É importante que um terapeuta não preste muita atenção naquilo que o seu cliente diz, a fim de ouvir aquilo que ele não diz...). Moramos na música das palavras. Somos amados não pelo que dizemos, mas pela música com que o dizemos. Preste atenção na sua música. Se a sua música não tiver pausas mansas, isso é sinal de que você é um chato que não deixa o outro falar nem ouve o que ele tem para dizer. Deveria haver uma terapia que ajudasse as pessoas a mudar a música da sua fala. Se conseguir mudar a música da sua fala você ficará diferente. Isso é especialmente importante para os professores, para os pais, para os amantes... Só por curiosidade, ligue sua televisão num programa em que algum deputado esteja discursando. Como eles gritam e sacodem o dedo!  São tão eloquentes... Quando você for procurar um candidato a qualquer cargo eletivo, não preste atenção no que ele diz, porque todos eles dizem a mesma coisa. Preste atenção na música da sua fala...


RUBEM ALVES - OSTRA FELIZ NÃO FAZ PÉROLA - PAG 180

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Os 3 nomes de Deus???




Para minha amiga Fernanda Valadares, com carinho:


" De vez em quando perguntam-me se acredito em Deus. Mas é claro. Acredito mais que a maioria das pessoas. Tenho até 33 nomes para ele. Esses nomes foi a Marguerite Yourcenar que me contou. Foi ela que escreveu o livro 'Memórias de Adriano', quem lê nunca mais esquece, quer ler de novo. Pois esses são os 33 nomes de Deus que ela me ensinou. É só falar o nome, ver na imaginação o que o nome diz, para que a alma se encha de uma alegria que só pode ser um pedaço de Deus... Mas é preciso ler bem devagarinho... Os 33 nomes de Deus:


  1. O mar da manhã
  2. O barulho da fonte nos rochedos sobre as paredes de pedra.
  3. O vento do mar de noite, numa ilha...
  4. Uma abelha.
  5. O vôo triangular dos cisnes.
  6. Um cordeirinho recém-nascido
  7. O mugido doce da vaca e o mugido selvagem do touro.
  8. O mugido paciente do boi.
  9. O fogo vermelho no fogão
  10. O capim
  11. O perfume do capim
  12. Um passarinho no céu
  13. A terra boa
  14. A garça que esperou toda a noite, meio gelada, e que vai matar sua fome ao nascer do sol
  15. O peixinho que agoniza no papo da garça
  16. A mão que entra em contato com as coisas
  17. A pele
  18. Toda a superfície do corpo
  19. O olhar e tudo o que ele olha
  20. As nove portas da percepção
  21. O torso humano
  22. O som de uma viola e de uma flauta indígina
  23. Um gole de uma bebida fria ou quente
  24. Pão
  25. As flores que saem da terra na primavera
  26. O sono na cama
  27. Um cego que canta 
  28. e uma criança enferma
  29. Um cavalo correndo livre
  30. A cadela e os cãezinhos
  31. O sol nascente sobre um lago gelado
  32. Um relâmpago silencioso
  33. O trovão que estronda e o silêncio entre amigos
Não é preciso que esses 33 nomes sejam os seus. Faça sua própria lista. Eu incluiria: A sonata Appassionata de Beethoven, sapos coaxando no charco. O canto do sabiá. Banho de cachoeira. A tela Mulher lendo uma carta, de Vermeer. O sorriso de uma criança. O sorriso de um velho. Balançar num balanço tocando com o pé as folhas da árvore.. Morder uma jabuticaba... Todas essas coisas são pedaços de Deus que conheço... Sim, acredito muito em Deus..."

RUBEM ALVES - LIVRO OSTRA FELIZ NÃO FAZ PÉROLA - PAG 201.


Eu ainda acrescentaria os meus nomes, como:

A melodia de um piano bem velho... O cheiro da casa da minha vó.... A saudade que sinto das pessoas que amo... Minha tristeza em aprender algumas coisas de um jeito mais difícil e minha alegria em ter aprendido. A habilidade de se reerguer quando se está no chão. A facilidade com que chora uma criança. A transparência de uma criança. A vontade de correr para alguém que está em uma cadeira de rodas. O som das coisas e o som do silêncio. A dor que aperta o peito... um abraço apertado. A vontade de continuar sempre vivo por dentro!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sobre o Perdão...



Sobre o Perdão...

"Não sei se se deve perdoar sempre. Como perdoar o torturador? Como perdoar o adulto que espanca uma criança? Como perdoar a Inquisição, os campos de concentração, a bomba atômica, os homens públicos que se enriquecem à custa do dinheiro do povo que sofre e morre? Quem perdoa tudo é porque não se importa com nada".

Rubem Alves - Ostra Feliz não faz Pérola, Pág 200.



" Ostras são moluscos, animais sem esqueleto, macias, que representam as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, com pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas - são animais mansos -, seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse, a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem. Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário. Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostras felizes se riam dela e diziam: "Ela não sai da sua depressão..." Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado dentro da sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor. O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de suas aspereza, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava seu canto triste, o seu corpo fazia o trabalho - por causa da dor que o grão de areia lhe causava. Um dia, passou por ali um pescador com o seu barco. Lançou a rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-as para casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras, de repente seus dentes bateram num objeto duro que estava dentro da ostra. Ele o tomou nos dedos e sorriu de felicidade: era uma pérola, uma linda pérla. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele a tomou e deu-a de presente para sua esposa.
      Isso é verdade para as ostras. E é verdade para os seres humanos. No seu ensaio sobre O nascimento da tragédia grega a partir do espírito da música, Nietzsche observou que os gregos, por oposição aos cristãos, levavam a tragédia a sério. Tragédia era tragédia. Não existia para eles, como existia para os cristãos, um céu onde a tragédia seria transformada em comédia. Ele se perguntou então das razões por que os gregos, sendo dominados por esse sentimento trágico da vida, não sucumbiram ao pessimismo. A resposta que encontrou foi a mesma da ostra que faz uma pérola: eles não se entregaram ao pessimismo porque foram capazes de transformar a tragédia em beleza. A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável. A felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer. Esses são os artistas. Beethoven - como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria? Van Gogh, Cecília Meireles, Fernando Pessoa..."

Rubem Alves, Ostra Feliz não faz pérola - pág 11.


A gente tem a mania de dizer que perdoamos um mal que a pessoa nos fez, uma mágoa que nos fizeram. As vezes temos que perdoar a nós mesmos, porque no fim, temos raiva e culpamos a nós mesmos. Sempre fui cristã e, por isso a eterna mania de achar que tudo vai ser lindo no fim e por isso aceitar o presente, as tristezas, as dores... Hoje sei que o melhor a se fazer é transforma-las em beleza. É aprender com as feridas e aceitar as cicatrizes. Não tem como a gente machucar o joelho numa queda forte, dar ponto e sair sem uma cicatriz. Ela fica lá pra lembrar o que não fazer pra cair daquele jeito de novo, mesmo sabendo da probabilidade de que isso aconteça novamente. Hoje eu sei que as vezes é bom cair, é bom produzir pérolas, a felicidade se basta mas não produz nada, não ensina nada.
Se me perguntarem como estou depois de uns bons tombos e quedas eu digo a você que estou terminando de fazer meu colar de pérolas...

Beijos..

Isabella


Ps: Passei na segunda etapa da bituca... E la vou eu com minhas pérolas...

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Borboletas


" Blake dizia que a árvore que o tolo vê não é a mesma árvore que o sábio vê. Pois eu digo que o caminho pelo qual anda a mãe não é o mesmo caminho pelo qual anda a criança. Os olhos da criança vão como borboletas, pulando de coisa em coisa, para cima, para baixo, para os lados, tudo é espantoso, tudo é divertido. Pena que a mãe não veja nada do que a criança vê porque seus olhos desaprenderam a arte de ver como quem brinca, ela tem muita pressa, é preciso chegar; há coisas urgentes a fazer..."

Rubem Alves


      Há o ditado que a pressa é inimiga da perfeição. Pois eu acho que é verdade. A minha ânsia de acertar sempre me fez tropeçar quase todas as vezes. A gente acaba tendo mania de pensar no futuro. Trabalhar pro futuro. viver o presente com a cabeça no futuro. E esquece de parar para observar as coisas passando. E, por aí.. a vida vai passando, e a gente acaba reclamando do futuro porque não viveu o presente. Tá na hora de parar pra ver as borboletas.. pra respirar um pouco. Viver mais, e ser feliz.. A gente fica procurando um significado pra felicidade, mas vamos falar a verdade, nem sabemos o que é a verdade né? há coisas urgentes a fazer, mas que precisam esperar, precisamos esperar. E curtir a vida junto da vida, pegar o trem e olhar a paisagem, curtir a viagem até chegar ao destino. Tá aí.. a felicidade são nossos momentos, ela é feita de momentos e nós? somos com certeza feitos de cada momento!
Você viu? passou uma borboleta!